UHF : Ao Vivo em Almada – No Jogo da Noite

Rock / Portugal
(1985 - Radio Triunfo / Orfeu)
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Letras


1. DEVO EU

"Se o passageiro sair a meio da viagem
Ficam as marcas ou não fica nada?"

Devo eu dizer que te quero
E que a espera me destrói o desejo,
Devo eu ser sincero
E revelar-te o que penso.

Devo eu, devo eu
Devo eu, devo eu ser sincero.

E se eu quiser transformar
Chapinhar na calmaria,
Por certo vou molhar
O rosto da tua alegria.

Devo eu, devo eu
Devo eu, devo eu ser sincero.

E devo eu, devo eu
Devo eu, devo eu ser sincero.

Um homem pode sempre dançar
Segurado no seu encanto,
E pode sempre inventar
As ilusões do seu tamanho.

Devo eu, devo eu
Devo eu, devo eu ser sincero, ser sincero.


2. TRÊS PEIXES

Aprendi a ver
Nas coisas longas,
O doce incêndio
Das coisas boas.

À beira de um lago
Cresci pescador,
No vidro imaginário
Sonhei a tua cor.

Encantador.

E por ali passaram
Três peixes maravilha,
Felinos e esguios
Brilhando prata fina.

E os três peixes puxaram
A linha do pescador,
Que foi visto a boiar
Preso na linha da vida.

Encantador.

Uma história assim
Feita de maravilhas
Empurrou o pescador,
P'ra falésia da vida.

Uuh, encantador.


3. RAPAZ CALEIDOSCÓPIO

Um intelectual de ar estafado
Um homem de faces cavadas na noite,
Cruza o Bairro Alto no silêncio dos ténis claros
Em passos largos de dança.

Ele é um duro como rock
Fã da violência,
E olha a vida pelos óculos
Gingando cadência,
Veste cabedal que é napa preta,
Heyahoh la la la.

Quando a fome aperta
Ele toma o caminho da fábrica ou do estaleiro,
E na próxima fuga entra na pele do animal
Que o torna agressivo, reputação ideal.

Ele é um duro como rock
Fã da violência,
E olha a vida pelos óculos
Gingando cadência,
Veste cabedal que é napa preta,
Heyahoh la la la.

"Se um dia quiseres voar, sai do avião, da ogiva
Do fato blindado, camuflado, com paraquedas,
Deita fora o pneumático e a ogonia
Bate as asas, apenas, se quiseres voar."


4. NO JOGO DA NOITE

"Mãe, tu és a última ponte
A última loja aberta antes do recolher propício."

Por uma noite
Eu vim por uma noite,
Entrar na tua noite
Beber do teu copo.

Em tua casa
Eu vim por minha causa,
Estragar a tua pausa
Entrar no teu sossego.

Amigos sempre à espera
A pose de uma fera,
Por dentro estou em guerra
E por fora sou mulher.

E eu só quero, e tudo o que eu quero é
Passar esta noite a correr.

Não digas a palavra
Não quero a tua cara,
Por mim o gozo basta
E o jogo começa hoje.

Só quero este prazer
De passar a correr,
E ter-te sem te ter
A sede é o meu jogo.

A noite cobre a vida
No rosto sou menina,
No jogo sou sabida
E à noite sou quem quero.

E eu só quero, e tudo o que eu quero é
Passar esta noite a correr.

E eu só quero, quero, quero
E eu só quero, quero, quero
Ficar no jogo da noite.


5. TU QUERES

Tu queres ver-me dançar, rodopiar, passar por aí e levar-te comigo
Na ponta dos dedos provocando o destino, tu queres vir comigo
Na-na, tu queres.

Tu queres desaparecer, deixar essa casa, rasgar em bocados os velhos momentos
Queimar os retratos que marcam o tempo, tu queres provar do meu vinho
Bebido do meu copo e ver nascer o dia
Na-na, tu queres.

Tu queres seguir sempre na direção do Sol vermelho, laranja ardente, que doa por doer
Corres por gosto, respiras o ar, sou bandido, o teu amor em qualquer lugar
Tu queres passar a fronteira, tu queres passar a fronteira
Na-na tu queres.

Oohh la la la no meu corpo
Tu queres.


6. PUSESTE O DIABO EM MIM

Puseste o diabo em mim
Puseste o diabo em mim,
E lançaste fogo
Entregando o teu corpo,
Ensinaste-me a agir
A tentar e a conseguir.

Puseste o diabo em mim
Puseste o diabo em mim.

Vieste com a chuva e floriste
Vieste com a chuva e floriste,
Entre os cheiros da resigna
E da erva crescida,
Remexeste nas ideias
Como larva em sementeira.

Puseste o diabo em mim
Puseste o diabo em mim.

Vieram histórias na bagagem
Vieram histórias na bagagem,
E armaste em professora
Trinta anos já dão escola,
Dando o corpo, dando a alma
Quando a palavra se cala.

Puseste o diabo em mim - puseste
Puseste o diabo em mim - puseste
Puseste, puseste, puseste.

Fizemos coro no soalho
Fizemos coro no soalho,
Dando vida à penumbra
Arco Íris de ternura.

Puseste o diabo em mim - puseste
Puseste o diabo em mim - puseste
Puseste, puseste, puseste.

"Entre a vida e a morte, é a surdina de não haver nada
É a neblina e a margem cortada, é a cantiga e o fim do pontão."



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