UHF : Cheio - O Melhor de UHF

Rock / Portugal
(1995 - BMG Records)
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Les paroles

1. CAVALOS DE CORRIDA

Agora, que a corrida estoirou
e os animais se lançam no esforço,
Agora, que todos eles aplaudem
a violência em jogo.

Agora, que eles picam os cavalos
violando todas as leis,
Agora, que eles passam ao assalto
e fazem-no por qualquer preço.

Agora, agora, tu és um cavalo de corrida.

Agora, que a vida passa num flash
e o paraíso é além,
Agora, que o filme deste massacre
é a rotina Zé Ninguém.

Agora, que perdeste o juízo
a jogar esta cartada,
Agora, que galopas já ferido
procurando abrir passagem.

Agora, agora, tu és um cavalo de corrida
Agora, agora, tu és um cavalo de corrida.


2. QUERO UM WHISKY

Quero um whisky, quero um whisky, p'ra acabar a noite
Fim do concerto e o desejo, é rasgar a noite
Sombras à volta ardem à solta, esperam salvação.

Um whisky, quero um whisky, p'ra acabar a noite
Um whisky, quero um whisky, p'ra acabar a noite.

Ganhar e perder, velho prazer, sigo a viagem
O gozo à prova, o mundo à roda, cavalos de corrida
Sem perceber é a doer, até ao fim do dia.

Um whisky, quero um whisky, p'ra acabar a noite
Um whisky, quero um whisky, p'ra acabar a noite,
Quero um whisky, quero um whisky, quero um whisky
Um whisky, quero um whisky, p'ra acabar a noite,
Quero um whisky, quero um whisky, p'ra acabar a noite.


3. MENINA ESTÁS À JANELA

Menina estás à janela
com o teu cabelo à Lua,
Não me vou daqui embora
sem levar uma prenda tua.

Sem levar uma prenda tua
sem levar uma prenda dela,
Com o teu cabelo à Lua
menina estás à janela.

Estás à janela
com o teu cabelo à Lua,
Não me vou daqui embora
sem levar uma prenda tua.

Uma prenda tua
sem levar uma prenda dela,
Com o teu cabelo à Lua
menina estás à janela.
Cabelo à Lua menina, estás à janela.


4. HESITAR

A noite convida, na noite se agita
o vulto esquivo de uma mulher,
Querer tocá-la, saber tentá-la
contar-lhe histórias de comover.

Hesitar, hesitar
Não, não consigo evitar
Evitar, hesitar.

Do lado quente, do Sol nascente
se tu quiseres o fogo a arder,
Do lado quente, se for bem quente
pode doer, doer a valer.

Hesitar, hesitar
Não, não consigo evitar
Evitar, hesitar.

É como se a espera
fosse o gozo maior,
E eu a fera
incapaz de melhor.

Hesitar, hesitar
Não, não consigo evitar
Evitar, hesitar.


5. CHEIO

Cheio, de raiva sincera
que arma a fera, a voz e a canção,
Cheio, desta estupidez
de ser português, estendendo a mão,
Cheio, de tanto fracasso
o voto e o pecado, nada mudou.

Cheio, cheio, cheio.

Cheio, desta corte saloia
povoando Lisboa, que a vida assanhou,
Cheio, de tanto sucesso
o céu e o inferno, um dealer à espreita,
Cheio, desta hipocrisia
que faz romaria, hinos da nação.

Cheio, cheio, tão cheio
Cheio, cheio, tão cheio
Cheio, estou cheio, tão cheio,
Cheio, é branco ou tinto
seguir o instinto, calar a razão.


6. TOCA-ME

Toca-me, sem uma palavra
só a tua pele e a tua alma.

Toca-me, o tempo vai
movendo a luz do meu olhar.

Toca-me, que tenho medo
pode o amor guardar segredo?

Toca-me, nesta penumbra
depois de ti, a noite dura.

Toca-me meu amor, toca-me meu amor.

Toca-me, sem uma palavra
só a tua pele e a tua alma.

Toca-me meu amor, toca-me meu amor
Toca-me meu amor, toca-me meu amor.


7. UM COPO CONTIGO

Brindar a tudo
beber por nada,
A maré cheia
e a boca amarga.

Quem bebe assim
merece a taça,
E se ele cair
levem-no a casa.

Vive um homem
nessa figura,
Dançando medos
no fim da rua.

A noite morre
na manhã clara,
É tão difícil
chegar a casa.

Eu não me escondo
não me esquivo,
Eu bebo sempre
um copo contigo.

Um copo, um copo contigo
Um copo, um copo contigo.

Eu não me escondo
não me esquivo,
Eu bebo sempre
um copo contigo,
Eu não me escondo.


8. RUA DO CARMO

Rua do Carmo, rua do Carmo
mulheres bonitas subindo o Chiado,
Mulheres alheias, presas às montras
alguns aleijados em hora de ponta.

Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo.

Jornais que saem do Bairro Alto
putos estendidos, travando o passo,
Onde o comércio cativa turistas
quem come com os olhos já enche a barriga.

Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo.

Soprando a vida passam estudantes
gingando as ancas, lábios ardentes,
Subindo com pressa abrindo passagem
chocamos de frente, seguimos viagem.

Olha como é a rua do Carmo
Olha como é a rua do Carmo.


9. RAPAZ CALEIDOSCÓPIO

Um intelectual de ar estafado
um homem de faces cavadas na noite,
Cruza o Bairro Alto no silêncio dos ténis claros
em passos largos de dança.

Ele é um duro como rock
fã da violência,
E olha a vida pelos óculos
gingando cadência,
Veste cabedal que é napa preta,
Heyahoh la la la.

Quando a fome aperta
ele toma o caminho da fábrica ou do estaleiro,
E na próxima fuga entra na pele do animal
que o torna agressivo, reputação ideal.

Ele é um duro como rock
fã da violência,
E olha a vida pelos óculos
gingando cadência,
Veste cabedal que é napa preta,
Heyahoh la la la.


10. BRINCAR NO FOGO (TODOS À GARAGEM)

Jogar um jogo
eternamente,
Lançando fogo
a toda a gente.

No alto risco
a tentação,
O imprevisto
provocação.

O fogo posto
rastilho aceso,
Escondes-me o rosto
não sei se quero.

Ser e não ser
e até fingir,
Quero tremer
deixa-me ir.

Brincar, brincar e o fogo a queimar
Brincar, brincar e o fogo a queimar
Brincar no fogo.

Venho sem medo
como um intruso,
Um vento seco
um sopro surdo.

Toca no fogo
leva-me a sério,
Sou o actor
deste mistério.

A história é curta
rocambolesca,
A chama em luta
é chama acesa.

Quero mentir
quero enganar,
Não sei fugir
vais-me apanhar.

Brincar, brincar e o fogo a queimar
Brincar, brincar e o fogo a queimar
Brincar no fogo.

E se a farsa
não tiver fim,
Foi a brincar
que me perdi.

Brincar no fogo, brincar no fogo
Brincar, brincar e o fogo a queimar
Brincar no fogo.


11. DUELO AO ESPELHO

Partido ao meio, partido em dois
o frio de janeiro no suor de agosto,
Vida secreta é disfarçar
o Sol aperta, quase a queimar.

Olho p'ra mim, olhei o medo
Olho p'ra mim, duelo ao espelho.

Há um intruso na minha pele
sou eu que uso a alma dele,
Fez-se amigo, é convidado
no meu abrigo, do outro lado.

Olho p'ra mim, olhei o medo
Olho p'ra mim, duelo ao espelho,
Duelo ao espelho, duelo ao espelho.


12. POR TI E POR NÓS DOIS

Guardamos o medo
um dos outros,
Em busca de amor
morremos aos poucos.

Partiram já muitos
dos nossos amigos,
Ficamos calados
calados, feridos.

Olha a vida, olha o amor
Olha por ti e por nós dois,
Por nós dois.

Solta o amor
que há em ti,
Falo amor
um amor feliz.

Se queres a vida
no seu feitiço,
Defende a vida
cuidado contigo.

Olha a vida, olha o amor
Olha por ti e por nós dois,
Por nós dois.

Se o jogo da procura
é só lotaria,
A verdade crua
é um jogo suicida.

Olha a vida, olha o amor
Olha por ti e por nós dois,
Por nós dois.


13. NA TUA CAMA

Na tua cama
onde as horas se consomem,
Na tua cama
fui de rapaz até homem.

Mexendo lençóis nos poemas
bebendo aos poucos sem pressa,
Abriste-me o teu abrigo
ficarei preso contigo.

Na tua cama, na tua cama.

Na tua cama
houve murmúrios de ondas,
Na tua cama
o brilho da Lua nas águas.

O cheiro do corpo é quente
a ânsia que faz o instante,
Tomar conta de nós
palavras tantas sem voz.

Na tua cama, na tua cama.

E se algum dia nos afastarmos
é porque o jogo não pode durar,
E se algum dia nos encontrarmos
é a vida que eu quero desafiar.

Na tua cama, na tua cama
Na tua cama.


14. DE SEGUNDA ATÉ SEXTA

Secretárias ou amantes
são desejos palpitantes,
Por aqui nada presta
de segunda até sexta.

Um horário a cumprir
vou de pé e a dormir,
Tusso o cheiro a meu lado
e o vizinho está calado.

De segunda até sexta, de segunda até sexta,
Hey hey.

O almoço é de pé
sanduíches e café,
À conversa o futebol
e a chuva esconde o Sol.

De regresso à função
já não bate o coração,
Só as mãos a mexer
um tumulto a crescer.

De segunda até sexta, de segunda até sexta,
Hey hey.

Um dia na vida, um dia qualquer
igual sem medida, a morder, a morder
Hey hey.

Na janela da tv
há uma guerra em directo,
É o choro de um bebé
na areia do deserto.

De segunda até sexta, de segunda até sexta,
Hey hey.


15. DESOLHADOS

Desolhados, sem olhar
Mão estendida na tarefa de estacionar
Na tarefa de estacionar.

Poisos certos por Lisboa
Fugitivos, quando o dia se vai embora
Quando o dia se vai embora.

Como zombies, a penar
Dia merdoso, até o mundo se acabar
Até o mundo se acabar.

Se o destino estiver marcado
Ergue-te ó homem, rasga a folha de condenado
Rasga a folha de condenado.

Sem dó nem pena, a escolha é tua
Não é desgraça, é droga dura.


16. CAÇADA

Corremos selvagens
Na mira das armas
Apontadas pela justiça da cidade.

Deram-nos o tempo exacto
Dado aos coelhos no mato
E então estoirou a caçada.

Nuvens cinzentas de humanóides
Correndo de armas apontadas
Dando tiros nas costas das presas desarmadas.

À carga! À carga! - Gritaram
E então as viseiras baixaram
P’ra acabar no chão os que ainda mexiam.

Sangue no alcatrão
Olhos pisados de espanto
E a morte distribuída em nome do Estado.

Ferozes, loucos de raiva
Massacrando como feras
Zelosos na limpeza da praça da história.


17. SARAJEVO (VERÃO 92-II)

Diz-me que este verão foi mentira
nada disto está a acontecer,
Sarajevo, um alvo nas miras
e os polícias do mundo estão a ver.

Jugoslávia bonita, filha da Europa
Fronteiras malditas que o ódio devora
Sarajevo, Sarajevo, ohh, oh.

É no centro do velho continente
que a matança das raças se consome,
Esse homem de pé deve morrer
no terreiro de caça só o medo se move.

Jugoslávia bonita, filha da Europa
Fronteiras malditas que o ódio devora
Sarajevo, Sarajevo, ohh, oh.

Sarajevo não tem fim
a vergonha está isenta,
Assim apodrece um país
no palco deste planeta.

O pior dos animais anda à solta
a vingança nos olhos ancestrais,
Uma solução final que se retoma
Hitler à mesa dos chacais.

Jugoslávia bonita, filha da Europa
Fronteiras malditas que o ódio devora
Sarajevo, Sarajevo, ohh, oh.


18. ESTOU DE PASSAGEM

Dá-me abrigo por esta noite
dá-me abrigo por esta noite,
Procuro conforto no teu cobertor
a noite prepara jogos de amor,
Febre que sobe e acende a fogueira
entre as chamas vivas da fogueira.

Dói-me cá dentro ao certo não sei
dói-me cá dentro ao certo não sei,
Dói-me o inferno da minha arte
dói-me o silêncio da tua carne,
Feito sossego nas minhas mãos
é quente o silêncio das tuas mãos.

Dá-me um bilhete p'ro inferno.

São línguas de fogo que entram no corpo
são línguas de fogo que entram no corpo,
São noites de assombro e descoberta
em busca da vida estou de passagem,
Parto contigo na minha bagagem
parto sozinho p'ra longa viagem.

Dá-me um bilhete p'ro inferno.


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