Pedro Abrunhosa : Viagens

Pop Rock / Portugal
(1994 - Polygram)
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Letras


Pedro Abrunhosa Viagens
CD, data de lançamento : 1994 - Polygram

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1. Não Posso Mais

Tu és a fonte do meu desejo
minha heroína, meu ensejo
barco no Douro à deriva,
sem vento, sem guarida
nem ferros para lançar.
Eu sou o que mais tu podes querer
sou Apolo, sou Adónis
sultão entre os sultões
sem raínha nem mulher.

Há quanto tempo
isto está p'ra acontecer
mais dia, menos dia
vou ter que te dizer:

"Não posso +
viver assim,
olhar p'ra ti
sem te ter perto de mim.
Não posso mais
viver tentado,
pensar em ti
e querer-te ter sempre ao meu lado."

Tu és a minha louca fantasia
noites brancas de magia,
és prosa de um poeta, e na cauda de um cometa
tango dançado ao luar.
Eu sou, herói de banda desenhada,
Errol Flynn de capa'espada,
tiro tudo, não dou nada,
ninguém me vai agarrar.

Há quanto tempo
isto está p'ra acontecer
mais dia, menos dia
vou ter que te dizer:

"Não posso +
viver assim,
olhar p'ra ti
sem te ter perto de mim.
Não posso mais
viver tentado,
pensar em ti
e querer-te ter sempre ao meu lado."

Tu és o meu sonho mais atrevido,
olho e tiro-te o vestido
dizes: "És doido varrido
faz de mim a tua puta"
"Como é vamos p'ra casa experimentar o Kama
Sutra?"
Eu sou a sombra do teu destino
sou beijo louco e repentino.
E dou-te aquilo que eu
há muito te quero dar.

Há quanto tempo
isto está p'ra acontecer
mais dia, menos dia
vou ter que te dizer:

"Não posso +
viver assim,
olhar p'ra ti
sem te ter perto de mim.
Não posso mais
viver tentado,
pensar em ti
e querer-te ter sempre ao meu lado."

"Não posso +
viver assim,
olhar p'ra ti
sem te ter perto de mim.
Não posso mais
viver tentado,
pensar em ti
e querer-te ter sempre ao meu lado."

"Não posso +
viver assim,
olhar p'ra ti
sem te ter perto de mim.
Não posso mais
viver tentado,
pensar em ti
e querer-te ter sempre ao meu lado."

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2. Não Tenho Mão Em Mim

Nao sei porque é que raio comecas-te a magicar
que eu era por ti que eu me iria apaixonar.
Nem sei porque é que dizes que és capaz de
enlouquecer
se um dia ja nao te quiser.

É que isto é mesmo assim,
sou só uma ilusao,
nao tenho mao em mim,
é uma maldicao!

Nao sei porque é que teimas em continuar a supor
que se eu partir ficas na pior.
Para de insistir e nao me pecas p'ra fingir,
qualquer dia esfumo-me em vapor.

Refrao

Nao sei se é por acaso ou uma condenacao,
mas algo em mim nunca vai mudar.
Com ou sem razao nao te quero magoar
porque um dia vou Ter que te deixar.

Refrao

Nao sei como é que vai ser quando um dia eu um sentir
sepultado no sossego de um jardim.
Sei que só sei viver destinado a fugir
até que um dia tudo chegue ao fim.

Refrao

Nao sei porque é que raio comecas-te a magicar
que eu era por ti que eu me iria apaixonar.
Nem sei porque é que dizes que és capaz de
enlouquecer
se um dia ja nao te quiser.
Nao sei porque é que teimas em continuar a supor
que se eu partir ficas na pior.
Para de insistir e nao me pecas p'ra fingir,
e qualquer dia esfumo-me em vapor.

Refrao

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3. Lua

Mais um dia que acaba e a cidade parece dormir
Da janela vejo a luz que bate no chão e penso em te possuir
Noite após noite ha ja muito tempo saio sem saber para onde vou
Chamam por ti na sombra das ruas mas só a lua sabe quem eu sou
Lua Lua
Eu quero ver o teu brilhar
Lua Lua Lua
Eu quero ver o teu sorrir
Leva-me contigo mostra-me onde estás
É que um dia o castigo é viver assim sem luz nem paz
Sozinho com o peso do caminho que se fez para tráz
Lua
Eu quero ver o teu brilhar
Lua
Nua Lua
Homens d chapéu e cigarros compridos vagueiam pelas ruas com olhares cheios de nada
Mulheres meio despidas enconstadas a parede fazem-me sinais que finjo nao entender
Loucas são as noites
Que passo sem dormir
Loucas são as noites
Os bares estao fechados já não há onde beber
Este silêncio escuro nao me deixa adormecer
Loucas são as noites
Levam contigo mostra-me onde estás
É que um dia o castigo é viver assim sem nos lembrarmos
Sozinho com o peso do caminho que se fez para tráz
Lua
Eu quero ver o teu brilhar
Lua
Nua Lua
Não há saudade sem regresso
Não há noites sem madrugada
Ouvesse ao longe as guitarras nas quais vou partir
Na neve construo a minha estrada
Loucas são as noites que passo sem dormir
Loucas são as noites
Loucas são as noites que passo sem dormir
Loucas são as noites

By Blue Tiger

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4. É Preciso Ter Calma

Amor, essa palavra que me mata
me corta (como uma faca)
me deixa no chão, como um cão
nu sem sossego, como o prazer que te nego.
Dor, cativa, privada,
bruma que te cobre o corpo de fada,
sonho, distante na mente
e de repente, saber que se está só.
É duro, é puro, o futuro,
sempre presente como o céu na tua frente
pintado, queimado, vazio assumido
um corpo triste despido
e uma mão que se estende,
depende de quem vier
e é mesmo assim que se quer.
Longe ou perto,
tudo é deserto
Tudo é montanha que te arranha a alma
com fúria, com calma

É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma

Vês o passado dorido, ferido,
agora tudo te é querido.
Memória, vitória, não é esta a tua história.
Voou a tua vida, perdida,
por entre os braços da SIDA.
Mentira, roubada, pesada,
uma seringa trocada, um prazer, que agora é nada.
Perdoa se não sei que fazer,
Mas sei que deve doer,
dá-me o teu olhar e eu dou-te o meu amor,
e o beijo urgente, premente,
esperança que não dorme, conforme,
e dita o eu estar aqui.
Amanhã, sei lá, para já o som da guitarra
que me agarra, me prende, me solta,
e a ti dá-te a volta, ao sorriso,
tem calma...

É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma

juízo, não tenho medo, não temo
só tremo de pensar...
mas não penso, e tenso te faço viajar
com a voz.
Lembro Novembro passado
quando os dias eram curtos
e as noites de fado,
rasgado, cantado, sentido.
No Deus que criámos
aprendemos a viver, de cor,
meu amor,
e agora, é hora,
tudo fica por fazer,
quero-te dizer mais uma vez
que te amo, talvez, te quero,
te espero e desespero por ti,
e que isso só por si
me chega p'ra viver,
mesmo quando só houver...
silêncio...
imenso,
e dor, e pior meu amor,
a lembrança que descansa
os olhos teus nos meus...
Adeus.

É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma

É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma
É preciso ter calma
Não dar o corpo pela alma

É preciso ter calma.

[DOC]

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5. Socorro

Ja nao como ha cinco dias
nao durmo ha mais de um mes,
desde que te conheci
a minha vida é como ves.
Passo os dias a pensar
nao sei o que fazer,
eu nem quero acreditar
no que me foi acontecer.
Só queria estar sozinho
e nao pensar mais em amor,
sempre que conheco alguém
fico de mal a pior.
Li no "Metro" o teu anuncio,
de caracter pessoal
limitavas-te a dizer...

Curioso como sou
apressei-me a responder,
só para te perguntar
o que é que isso quer dizer.
Guardei o jornal no bolso
para te falar depois,
mas decorei o teu numero
937812.
Liguei-te às seis da tarde,
devias estar a acordar,
essa voz rouca e quente
num suave murmurar.
Fiquei quase sem fala,
estive mesmo a desligar
do outro lado dizias...

Socorro!! Estou a apaixonar-me
É impossivel resistir a tanto charme.

Foste-me buscar de carro
levaste-me à beira-mar,
nas tuas maos a 4L
mais parece um Jaguar!
Sentados na esplanada
a tomar um cimbalino,
foi entao que percebi
essa coisa do destino.
Nesse dia aconteceu
nunca mais vou esquecer
- o mar, o sol, o céu, a praia -
todo um mundo de prazer,
acendes um cigarro
afagas-me o cabelo,
disseste entao assim...

Nao percebo o que é que queres,
nem o que estas a dizer,
só sei que tu consegues
mostrar o que é ser mulher,
quando nós nos separamos
nao nos vimos por um mes,
trinta dias a pensar
em te ter mais uma vez.
Depois vi-te na Industria
a dancar ao som do Prince
senti-me devorado
pelo teu olhar de lince.
Com ar discreto e decidido
chegaste-te ao pé de mim,
sussurraste-me ao ouvido...

Refrao

Encontrei-te entao na baixa
(sem nada que o justifique)
ali ficamos toda a tarde
nos sofas do Magestic,
Falaste-me do mundo
d'outras terras e lugares,
mostraste-me perfumes
de oceanos e mares.
Ali sentado viajei,
ali p'ra sempre quis ficar,

contigo perto dos olhos
os labios quase a beijar.
Falaste da cidade,
casas, ruas e pessoas
e disseste sem vaidade...

Tenho ouvido muita coisa
mas nunca tao bela assim,
seduzir e encantar,
sao coisas novas p'ra mim.
O que eu gosto mais contigo
(se queres saber o que eu acho)
é que consigo ser homem,
sem dar uma de macho.
Ja nao como ha cinco dias,
nao durmo ha mais de um mes,
desde que te conheci
a minha vida é como ves.
Passo os dias a pensar
ja nao sei o que fazer
eu nem quero acreditar
no que me foi acontecer.

Refrao (2X)

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6. Estrada

Estrada fora estrada dentro, de Bayonne a Milao,
coracao ao relento, mundos e fundos na mao.
Corpo negro macadame, de Milao a Budapeste,
voar, "chercher la femme", norte, sul, oeste, leste.
Polaroid, por do sol, vénus na concha da Shell,
Sexo, sonho e rock'n'roll, noite branca no motel.

Anjo perdido na bruma, leva-me ao sétimo céu,
abre o teu manto de espuma, deixa cair o teu véu,
deixa cair o teu véu, deixa cair o teu véu,
deixa cair o teu véu...

Chuva, bréu e gasolina, bar aberto, companhia,
cheiro a erva na latrina, cha, café e fantasia.
Ultrapasso um camiao, passo fronteira e portagem.
O écran do alcatrao devorou a tua imagem.
Estou tao longe, estou tao perto, sei que nunca
hei-de chegar
onde vou nao sei ao certo, ja nao posso mais parar.

Refrao

Contigo leio o futuro nas gotas do para brisas,
coracao inseguro, maos vazias, indecisas.
Néon palido, luar, Via Lactea, solidao,
tenho ganas de beijar o espelho da escuridao.
A grande roda da sorte é uma curva sem fim,
do outro lado da morte ha uma estrada só p'ra mim.

Refrao (2x).

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7. Fantasia

Tudo se passa em segredo
numa praia à beira mar,
sempre em noites de céu negro,
sem estrelas nem luar.
O cenario é um velho hotel,
sem janelas para a rua,
sinto-me à flor da pele,
numa guerra sem quartel,
quando te pões toda nua.

Ah! Se chego ao pé de ti,
deixo logo de pensar.
Ando em louco frenesim,
só te quero devorar...
Ah! Se chego ao pé de ti.

Do sofa à alcatifa,
o teu corpo vai e vem.
Fazes-me sentir califa
no nirvana de um harém.
Enrolada nos lencóis
endoideces de prazer,
arrancas-te os caracóis,
dizes: "Ja nao posso mais",
e nao paras de gemer.

Refrao

Com um gesto sedutor
mergulhas vezes sem fim,
gritas de desejo e dor,
nada pode ser melhor,
queres ficar sempre assim.
Pões-me a cabeca a ferver,
mais em brasa que um ticao,
chegas-me a fazer perder,
(isto assim nao pode ser)
toda a réstia de razao.

Refrao

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8. Viagens

Já vai alta a noite, vejo o negro do céu,
deitado na areia, o teu corpo e o meu.
Viajo com as mãos por entre as montanhas e os rios,
e sinto no meus lábios os teus doces e frios.

E voas sobre o mar, com as asas que eu te dou,
e dizes-me a cantar: "É assim que eu sou",
olhar para ti e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos com olhares de desejo,
olhar para ti e ver o que eu vejo,
olhar-te nos olhos com olhares de desejo,
eu não tenho nada mais p'ra te dar,
esta vida são dois dias,
e um é para acordar,
das histórias de encantar,
das histórias de encantar.
Viagens que se perdem no tempo,
viagens sem princípio nem fim,
beijos entregues ao vento,
e amor em mares de cetim.
Gestos que riscam o ar,
e olhares que trazem solidão,
pedras e praias e o céu a bailar,
e os corpos que fogem do chão.

Refrão

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9. Mais Perto Do Céu

Enquanto eu te escrevo,
Saravejo morre lenta
uma morte amordacada
no silencio dos tiros
e na paz da granada.
A noite acoita o metralhar
sera homem ou fera
este triste uivar?
Posso ver as avenidas,
coloridas, presentes,
hoje sombras despidas
do passado distante.
A vez do vizinho
que hoje foi a enterrar,
sozinho, claro, que morrer é ficar.
Os amantes ali estao
abracados no asfalto
onde as balas la do alto
os apanharam à traicao,
no coracao, que é o sitio ideal
para quem mata a paixao,
que amar é fatal.

+ perto do céu
anjo d'alma azul
+ perto do céu
+ longe que o sul.

Calor, ja nao ha,
só se for o da mortalha
que é o lencol que me agasalha
e a cama onde me deito
e me enrolo sobre o peito,
recordando o céu azul,
e quer a norte quer a sul
a liberdade de fugir.
Ficar a resistir,
morrer, nem pensar,
que a coragem de aqui estar,
como ontem em Guernica,
é a vontade de quem fica.
Vazia a dispensa
é pior a indiferenca.
Auschwitz ou Buchenwald
que afinal foram debalde,
porque as câmaras de gas
nao ficaram para tras
estao aqui à minha frente.
Eu só quero estar presente
de novo em Nurembrega,
porque um povo nao se verga.

Refrao

Por isso aqui estou
com arma sem municao,
carne para canhao
para contar toda a verdade...
... e liberdade.
E no futuro, nem sequer se vao lembrar
que tudo dói, mesmo Tolstoi
lido à luz da curta vela.
Saravejo donzela
tantas vezes violada,
sempre só, abandonada.
Tudo o que tenho
é o empenho de quem sonha.
O silencio é vergonha,
arma mortal, punhal
que mata e maltrata
escondido, sem ruido,
tantas vezes repetido,
e penetra no meu corpo,
que deixa morto
pelas costas...
sem resposta.
Agora é de vez.
Faz frio no inferno deste Inverno.
Cada bomba é uma sombra de indiferenca.

Crenca que tem que mudar.
Ha que gritar e mostrar
ao mundo os mortos
que o mundo ignora
e demora a perceber.
Uso a caneta
que é a minha baioneta,
pais eterno
que deixo no caderno
tenho medo que me esquecas
e me pecas para calar a voz,
mas nao o facas,
porque ontem foram ao outros
e hoje nós.

Refrao (2X)

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10. Tudo O Que Eu Te Dou

Eu não sei, que mais posso ser
um dia rei, outro dia sem comer
por vezes forte, coragem de leão
as vezes fraco assim é o coração
eu não sei, que mais te posso dar
um dia jóias noutro dia o luar
gritos de dor, gritos de prazer
que um homem também chora
quando assim tem de ser

Foram tantas as noites sem dormir
tantos quartos de hotel, amar e partir
promessas perdidas escritas no ar
e logo ali eu sei...

(Que) Tudo o que eu te dou
tu me das a mim
tudo o que eu sonhei
tu serás assim
tudo o que eu te dou
tu me das a mim
e tudo o que eu te dou

Sentado na poltrona, beijas-me a pele morena
fazes aqueles truques que aprendeste no cinema
mais peço-te eu, já me sinto a viajar
para, recomeça, faz-me acreditar
Não dizes tu, e o teu olhar mentiu
enrolados pelo chão no abraço que se viu
é madrugada ou é alucinação
estrelas de mil cores, ecstasy ou paixão
hum, esse odor, traz tanta saudade
mata-me de amor ou da-me liberdade
deixa-me voar, cantar, adormecer

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Agradeção.


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